24.7.06
Raul Seixas
Raul Seixas foi um dos maiores letristas que jamais cantaram em português. As suas letras são caracterizadas por um onirismo delirante mesclado com crítica social. A música vai buscar inspiração ao rock, mas também ao género baião e a outros sons brasileiros. O resultado é único, inconfundível. Em Portugal, onde permanece pouco conhecido, o que tivemos de mais parecido foi o António Variações, que andava "entre Braga e Nova Iorque". Três letras para exemplificar, entre muitas outras igualmente inspiradas que poderia ter escolhido:

Gita
Por: Raul Seixas e Paulo Coelho (sim, esse, o escritor...)
"Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando,
Foi justamente num sonho que ele me falou"
Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao teu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar
Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou eu fui eu vou
Gita
Eu sou o seu sacrifício
A placa de contramão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição
Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou à beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada
Por que você me pergunta
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar
Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim
Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra arde em meu nome
Dos sonhos eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos pegue-pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo
Gita
Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
Mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô.
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio (2x)

Metamorfose Ambulante
Por: RAUL SEIXAS
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar a um objetivo num instante
Eu quero viver essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhes disse antes
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Eu Também Vou Reclamar
Por: Raul Seixas - Paulo Coelho
Mas é que se agora
Pra fazer sucesso, pra vender disco
de protesto
Todo mundo tem que reclamar
Eu vou tirar meu pé da estrada
E vou entrar também nessa jogada
E vamos ver agora que é que vai aguentar
Porque eu fui o primeiro
E já passou tanto janeiro
Mas se todos gostam eu vou voltar
Estou trancado aqui no quarto
De pijama porque tem visita estranha
na sala
Aí, eu pego e passo a vista no jornal
Um piloto rouba um "mig"
Gelo em Marte, diz a viking
Mas no entanto não há galinha em
meu quintal
Compro móveis estofados
Me aposento com saúde
Pela assistência social
Dois problemas se misturam
A verdade do Universo
A prestação que vai vencer
Entro com a garrafa de bebida enrustida
Porque minha mulher não pode ver
Ligo o rádio e ouço um chato
Que me grita nos ouvidos
Pare o mundo que eu quero descer
Olhos os livros na minha estante
Que nada dizem de importante
Servem só pra quem não sabe ler
E a empregada me bate à porta
Me explicando que está toda torta
E já que não sabe o que vai dar pra mim comer
Falam em nuvens passageiras
Mandam ver qualquer besteira
E eu não tenho nada pra escolher
Apesar dessa voz chata e renitente
Eu não "tô" aqui aqui pra me queixar
E nem sou apenas o cantor
Que eu já passei por Elvis Presley, imitei
Mr. Bob Dylan, you know
Eu já cansei de ver o sol se pôr
Agora eu sou apenas um latino-americano
Que não tem cheiro nem sabor
E as perguntas continuam
Sempre as mesmas, quem eu sou
De onde eu venho
Aonde onde eu vou dar
E todo mundo explica tudo
Como a luz acende como um avião
pode voar
Ao meu lado um dicionário
Cheio de palavras
Que eu sei que nunca vou usar
Mas agora eu também resolvi
Dar uma queixadinha
Porque eu sou um rapaz
Latino-americano que também sabe se
lamentar
E sendo nuvem passageira
Não me leva nem à beira disso tudo
Que eu quero chegar
E fim de papo
Gita
Por: Raul Seixas e Paulo Coelho (sim, esse, o escritor...)
"Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando,
Foi justamente num sonho que ele me falou"
Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao teu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar
Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou eu fui eu vou
Gita
Eu sou o seu sacrifício
A placa de contramão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição
Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou à beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada
Por que você me pergunta
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar
Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim
Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra arde em meu nome
Dos sonhos eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos pegue-pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo
Gita
Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
Mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô.
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio (2x)
Metamorfose Ambulante
Por: RAUL SEIXAS
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar a um objetivo num instante
Eu quero viver essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhes disse antes
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu Também Vou Reclamar
Por: Raul Seixas - Paulo Coelho
Mas é que se agora
Pra fazer sucesso, pra vender disco
de protesto
Todo mundo tem que reclamar
Eu vou tirar meu pé da estrada
E vou entrar também nessa jogada
E vamos ver agora que é que vai aguentar
Porque eu fui o primeiro
E já passou tanto janeiro
Mas se todos gostam eu vou voltar
Estou trancado aqui no quarto
De pijama porque tem visita estranha
na sala
Aí, eu pego e passo a vista no jornal
Um piloto rouba um "mig"
Gelo em Marte, diz a viking
Mas no entanto não há galinha em
meu quintal
Compro móveis estofados
Me aposento com saúde
Pela assistência social
Dois problemas se misturam
A verdade do Universo
A prestação que vai vencer
Entro com a garrafa de bebida enrustida
Porque minha mulher não pode ver
Ligo o rádio e ouço um chato
Que me grita nos ouvidos
Pare o mundo que eu quero descer
Olhos os livros na minha estante
Que nada dizem de importante
Servem só pra quem não sabe ler
E a empregada me bate à porta
Me explicando que está toda torta
E já que não sabe o que vai dar pra mim comer
Falam em nuvens passageiras
Mandam ver qualquer besteira
E eu não tenho nada pra escolher
Apesar dessa voz chata e renitente
Eu não "tô" aqui aqui pra me queixar
E nem sou apenas o cantor
Que eu já passei por Elvis Presley, imitei
Mr. Bob Dylan, you know
Eu já cansei de ver o sol se pôr
Agora eu sou apenas um latino-americano
Que não tem cheiro nem sabor
E as perguntas continuam
Sempre as mesmas, quem eu sou
De onde eu venho
Aonde onde eu vou dar
E todo mundo explica tudo
Como a luz acende como um avião
pode voar
Ao meu lado um dicionário
Cheio de palavras
Que eu sei que nunca vou usar
Mas agora eu também resolvi
Dar uma queixadinha
Porque eu sou um rapaz
Latino-americano que também sabe se
lamentar
E sendo nuvem passageira
Não me leva nem à beira disso tudo
Que eu quero chegar
E fim de papo
Comments:
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Depois do que li, só lamento que o Paulo Coelho tenha pensado em escrever livros e não tivesse optado por escrever letras de canções. Exclusivamente. Uma boa surpresa.
Já agora, e o "nosso" Sérgio Godinho (novamente em voga com uma biografia publicada), não pode ser também destacado? Bem sei que o Variações é o Variações e é um outro universo, mas... Não falo da crítica de cariz mais político que o Sérgio Godinho fez nos primeiros tempos, com músicas que nem ele hoje deve gostar de recordar. Em muitas canções dele encontramos crítica social (ainda que muitas vezes com um olhar politicamente comprometido - mas também quem o não tem?) e uma poesia que poderá tocar o que chamas de onirismo. É só uma questão, nada de certezas ou afirmações.
Um abraço e obrigado pela sugestão musical.
Já agora, e o "nosso" Sérgio Godinho (novamente em voga com uma biografia publicada), não pode ser também destacado? Bem sei que o Variações é o Variações e é um outro universo, mas... Não falo da crítica de cariz mais político que o Sérgio Godinho fez nos primeiros tempos, com músicas que nem ele hoje deve gostar de recordar. Em muitas canções dele encontramos crítica social (ainda que muitas vezes com um olhar politicamente comprometido - mas também quem o não tem?) e uma poesia que poderá tocar o que chamas de onirismo. É só uma questão, nada de certezas ou afirmações.
Um abraço e obrigado pela sugestão musical.
Olá Agostinho!
Sem dúvida que o Sérgio Godinho pode e deve ser considerado um dos melhores letristas que se expressam ´português.
Tem uma forte componente de crítica social, mas as suas letras são, digamos assim, menos excêntricas do que as do Seixas (o que não é defeito, é feitio). O Seixas era, tal como o Variçães, uma figura extravagante. O SG foi influenciado pela canção francesa, o Variações pelo fado, o Seixas pelo rock e pela musica quase "pimba" brasileira (numa mistura única em termos musicais).
Se conseguires arranjar, aconselho-te "Os Grandes sucessos de Raul Seixas"
A capa é esta:
http://www.submarino.com.br/cds_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=2&ProdId=70649&ST=CM10992&franq=2009
Abraço!
Sem dúvida que o Sérgio Godinho pode e deve ser considerado um dos melhores letristas que se expressam ´português.
Tem uma forte componente de crítica social, mas as suas letras são, digamos assim, menos excêntricas do que as do Seixas (o que não é defeito, é feitio). O Seixas era, tal como o Variçães, uma figura extravagante. O SG foi influenciado pela canção francesa, o Variações pelo fado, o Seixas pelo rock e pela musica quase "pimba" brasileira (numa mistura única em termos musicais).
Se conseguires arranjar, aconselho-te "Os Grandes sucessos de Raul Seixas"
A capa é esta:
http://www.submarino.com.br/cds_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=2&ProdId=70649&ST=CM10992&franq=2009
Abraço!
Grande Raul! Quem foi que to apresentou , quem foi?...
Agostinho, concordo com o que dizes do Sérgio Godinho, outro grande, que eu coloco a par do Raul facilmente.
Sobre o Paulo Coelho, não concordo. É que os livros dele, eu consigo evitar... mas se o gajo passasse toda a hora na rádio, tava fodido!
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Agostinho, concordo com o que dizes do Sérgio Godinho, outro grande, que eu coloco a par do Raul facilmente.
Sobre o Paulo Coelho, não concordo. É que os livros dele, eu consigo evitar... mas se o gajo passasse toda a hora na rádio, tava fodido!
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