31.8.06

Humores do Rodre









23.8.06

uma das minhas bandas favoritas são os queen of the stone age são um bando de maus rapazes com quem gosto de estar a população de javalis na serra da lousã o segredo está no gel de dupla acção escove bem para as manchas serem identificadas e em seguida acabar com elas mil dólares podemos chamar-lhe honorários panda estás bom então estás perdido fica comigo não fica nós podemos voar juntos não eu tenho que voltar para casa os meus pés a ana vai montar a cama em cinco minutos certo embora vamos a isso começamos por desembrulhar esta parte aqui para a frente mas se abrirmos os batentes perdemos a estrutura as portas vão ser as partes mais sólidas da cabana veio de onde luís venho da amadora mas sou natural de reguengos de monsaraz e o que que faz na vida músico músico ò colega amigo e o que é que toca vou aproveitar que estamos aqui para dizer que nós temos um workshop a funcionar onde podemos dar ideias às pessoas e mostrar como é que se faz muitas pessoas pensam que é um trabalho complicado mas o surpreenda-se divirta-se reveja-se em acima de tudo além de sermos capazes de construir um ou a partir de 25 euros por mês mas atenção ligue mesmo já pois os primeiros

16.8.06

Máximas e Aforismos

A neurose escreve coisas lindas no rosto.

Quantas vezes não me perdi pelo caminho. Habituei-me a ir sobrevivendo no necessário.

Todas as tardes, a velha senhora manca, de porte altivo, senta-se na mesa do que café que frequento. Ausenta-se numa folha de papel que rabisca incessantemente, porque os dias escasseiam, ela sabe. Por vezes, há um certo encanto na sua expressão subitamente rejuvenescida. Mágicas as palavras evocatórias, em busca do tempo perdido, o único ainda possível.




Edward Hopper, Morning Sun

9.8.06

Sobre a Ciência

«Não basta ler nos jornais, não basta sequer ver nos noticiários da televisão. É preciso ver "em directo" e, se calhar, em pessoa. A intensidade, o fervor, a voz tremente não enganam: o primeiro-ministro está apaixonado.
Guterres não estava apaixonado pela Educação; era tudo uma fita. Mas Sócrates, manifestamente, está apaixonado pela Ciência (com maiúscula), está doido por ela, está a morrer por ela.
Como os políticos do século XIX estavam apaixonados pelo Progresso (com maiúscula). Sócrates, claro, ainda não conhece muito bem a Ciência e, às vezes, parece que a confunde com a Tecnologia ou o ID ou o Ensino Superior. De qualquer maneira, sua e chora de paixão. Quando fala dela, fica lírico.
Fontes desvairava com o comboio (grande invenção, o comboio), Sócrates desvaira agora com a Internet (grande invenção, a Internet) e a Assembleia da República, tímida com tanto sentimento, assiste embasbacada e aprovadora. Quem não aprovaria?
De longe, em casa e numa idade céptica, um indivíduo, evidentemente, suspeita. Alguém tem de fazer o papel de sogra e ver se a Ciência é o que Sócrates, no seu ardor, pensa que ela é.
E não é. Para começar, Sócrates não imagina o que a Ciência obrigatoriamente desperdiça em dinheiro, em trabalho e em tempo para chegar a um qualquer insignificante e duvidoso resultado. Os milhões que lhe prometeu (250) não são nada para ela; e os 5000 bolseiros também não. Pior do que isso: a Ciência não se dirige (com "contratos-programa" ou seja como for) e quando se tenta dirigir ela amua e seca.
Em suma, a Ciência precisa de um primeiro-ministro rico com um país riquíssimo, e Sócrates, coitado, anda por aí a contar tostões. Se ele julga, porque o dr. Mariano Gago lhe disse, que Portugal vai ganhar algum coisa com a Ciência, acaba com certeza a sofrer muito. Nem a Europa inteira, como se sabe, a consegue sustentar decentemente, quanto mais Sócrates com um centésimo do nosso esquelético Orçamento. E a Tecnologia? E o ID? O ID depende de uma espécie de empresas, que em Portugal não existem ou quase não existem. As poucas que há são tão surpreendentes que o Presidente e o primeiro-ministro as gabam e admiram como um prodígio cósmico. Para o resto, para a massa inerte que perdura na penúria e no hábito, o ID é um absurdo metafísico. Falta a Tecnologia que sob o largo e obscuro nome de Ciência, Sócrates também ama. A Tecnologia, sim, importada, copiada, bem ou mal usada, e só acidentalmente portuguesa, sempre serve para a Pátria se ir arrastando com dificuldade atrás da "Europa". Mas não justifica a paixão do primeiro-ministro. Essa paixão que se anuncia camiliana e fatal. Como a de Fontes pelo progresso e pelo comboio.»

in Público, Vasco Pulido Valente, 31/03/06

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