1.9.06
INDY - RIP (1988-2006)

Tenho nas mãos a última edição do semanário O Independente. É uma morte previsível, que acompanhei, infelizmente com a atenção de um credor. O Independente foi um jornal importante para mim, pois teve a gentileza (graças principalmente à atenção do Nuno Tiago Pinto e também do Leonardo Ralha) de publicar alguns dos que considero serem os meus melhores trabalhos jornalísticos.
Por muitas notícias "mal cozinhadas" que tenha divulgado, via-o como um espaço alternativo aos grandes grupos de comunicação e também como "rampa de lançamento" de jovens jornalistas.
Aqui fica, em jeito de epitáfio, um dos diversos obituários publicados hoje na imprensa nacional, da autoria de André Macedo (Diário Económico), com o qual concordo:
"O Independente publica hoje a sua última edição. Há muito que o jornal estava doente. Há muito que a morte se adivinhava. Ela acontece hoje: é um dia triste - porque foi uma grande publicação -, mas não é um dia surpreendente. Acontece também uma semana depois de a revista The Economist ter feito capa com um título à Independente: 'Quem matou os jornais?' Na verdade, ninguém os matou, mas todos os anos fecham, outros abrem (menos) e a indústria é forçada a encontrar novas receitas para sobreviver. É a vida, são assim os negócios, com a imprensa não é diferente. E ainda bem.
Quando os jornais deixam de interessar aos leitores, o melhor é pôr uma pedra sobre o assunto. Jornais falidos que continuam a chegar às bancas são como velhos petroleiros de casco roto: só poluem e intoxicam o ambiente. Não fazem bem a ninguém. São instrumentos de pressão ao serviço de interesses e corporações sem rosto. Não informam, desinformam. Sem leitores e sem independência financeira não há verdadeiro jornalismo. É por isso que o melhor para o velho 'indy' é desaparecer. A memória que ele deixa é a de um jornal que não foi justo, mas foi livre. No fundo, é essa a missão dos jornais. Há governo? Sou contra! Que grande jornal ele foi."